domingo, 20 de novembro de 2011

O andar de baixo

  Quando me mudei, me lembro tão bem, ele tinha 6 para 7 anos e eu 11, enquanto aquele garotinho de cabelos castanhos quase louros  brincava de bola m frente ao prédio , eu olhava o pôr do sol pensando na primeira vez que sofria por amor.
   Algum tempo passou e eu sentada nas escadarias me irritava com a bolinha que me acertava de tempos em tempos ... Propositalmente? Até hoje não sei. Ele mal podia sair dali e eu já andava por onde bem quisesse.
   Com o decorrer dos anos os caminhos e interesses se desviaram ainda mais eu crescia e ele também. Aos poucos os olhares foram mudando e o meu garotinho passara de fofo para lindo, e o andar de baixo me parecia muito mais atraente.
   Mas como me aproximar? Como não parecer exagerada e atirada? A situação requeria cuidado, afinal ele era  só um menino de 14 anos. Comecei com um simples "Oi" nas vezes em que nops cruzávamos e meu já tão querido vizinho respondia com um "oizinho" baixo e escondido atrás de um sorriso envergonhado e encantador. Progredimos e já passávamos do estagio de comprimentos e nossa conversa já era mais longa, conselhos como eu era 4 anos mais velha e ele estava a beira de entrar no maios desafio masculino, entender as mulheres.
    E eu ja não tinha mais ideia do que estava fazendo, não queria admitir, mas estava completamente encantada por aquele garotinho.Meu orgulho e medo de admitir tiveram consequências, assim de supetão , surgiu outra, uma namorada e assim reduzia a zero minha expectativa, ele estava feliz com alguém da idade dele, e eu deveria seguir em frente.
   Porém , para minha feliz ou infelicidade, não durou muito tempo e tudo voltou como era, inclusive meu deslumbramento com o sorriso envergonhado.
  Até que um dia, , uma lesão no joelho causada pela sempre presente bola de futebol, o deixou sem poder andar por um tempinho, fiquei preocupada e fui visitá-lo. Perguntas avulsas , com respostas rápidas foi assim nossa conversa por alguns minutos, olhava-nos  e até eu mesma me sentia um pouco de insegurança com a situação, mas nós dois sabíamos o que queríamos. Foi quando a vontade falou mais alto do que todas as duvidas e restrições que perturbavam a minha cabeça.
   Jamais esquecerei da sensação de sua boca encostando na minha, um arrepio, mas sem frio , só o calor e o silencio e o único som que se ouvia eram as espirações e batidas dos corações que se misturavam e aumentavam gradativamente.
E ele já não era mais um menininho e ali eu senti e enxerguei perfeitamente, meu garotinho fofo cresceu.
   

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