segunda-feira, 27 de agosto de 2012


Ela sentia tanta saudade daquele cheiro impregnado em sua cama , o perfume que ela gostava de deitar e respirá-lo . Não é cheiro de perfume , é cheiro de pele , de pele que se mistura com perfume e resulta em uma fragrância única .

Solidão

  De tanto estar só , acostumou-se.
Criou vínculo com a solidão .
No inicio tinha medo , ficava assustada sem ninguém .
 Agora em meio a multidão, dava valor ao silêncio , depois de um tempo nesta condição irremediável , apreciava e desejava estar só.
Ela aprendera a conviver com isso , apressava-se para exclusão , assim como  uma jovem moça se apressa para encontrar seu amado . No caso, corria para encontrar seus pensamentos .
 Sendo eles bons ou ruins ela não parava , só pensava .
 Quando tinha que pegar o ônibus , entrava a passos rápidos, logo para o banco alto no fundo perto da janela , e com seus fones de ouvido na música que repetia incessantemente , isolava-se.
 Uma canção que não era triste , porém não era exatamente feliz . Dependia da tendência .
 As vezes a deixava triste , lembrava de coisas incomodas , outros momentos, como o efeito sépia que o outono tem, simplesmente sorria.
 Em algumas circunstâncias aquela música a deixava viajar, sonhar alto. Embora simultaneamente  a conduzia perceber o quão tolas , distantes e impossíveis eram aquelas ideias e o momento  tornava os sonhos em pesadelos .
Oscilava entre extrema excitação e a mais profunda melancolia em segundos , culpa "de repente" Tudo aconteceu de uma vez , sem deixar tempo para preparação , como um choque. Ela não sabia separar . Quando os sentimentos chegavam  todos juntos . Ela se tornou assim, ou sentia ou congelava .
 Somente só, era possivel ser assim , somente no escuro de frente para si mesma ela podia apenas ser.
O medo do escuro e da solidão , equivale ao medo de  se encarar e de ficar a sós com si mesmo.

sábado, 18 de agosto de 2012

Solidão

A vontade de chorar era constante , e quase incontrolável.
Depois de um tempo se tornou normal , fazia parte da rotina chorar .
Ela sentia culpa ...Era culpada , ela sua  boca grande .
A tristeza já se tornara sua companhia , sua melhor amiga. Estava sempre presente.
Acostumou-se a estar triste a sentir-se só.
Não tinha vontade própria de nada , só desejava dormir, e acordar e ver que tudo não passou de um pesadelo.
Mas nem isso ela conseguia , sono picado, se remexia na cama de um lado para o outro ,
As lembranças, eram muitas que se misturavam com lembranças de sonhos como se tivessem acontecido de verdade.
 Deitava para dormir , sonhava , sonhava com ele e o sonho a fazia lembrar de tudo , acordava, chorava , remoía tudo . E quando acalmava o choro e o cansaço vinha , fechava os olhos e começava tudo de novo .
Era assim todas as noites.
Acordava cedo , mas ficava na cama até tarde, não tinha motivos para sair dela. Quando muito levantava-se e sentava no sofá.
Ligava  o computador , fuçava tudo atrás de um vestígio, uma esperança de existir uma mensagem, um recado de "Vem me ver" .Porém não havia NADA .
Pensava em momentos bons então , no entanto um pensamento puxava o outro e em segundos já estava triste e chorosa novamente , largada de pijamas no sofá ou na cama .
 Segurava o choro ao passar pela mãe , saia de casa e ia rodar o mundo , o mundo que não passava dos muros do condomínio. Saia andava com os fones de ouvido e a música alta .
 Ela fez uma pasta só com as músicas que lembrava dele , colocava sentava em um banco onde podia ver a avenida e o pôr do sol ao mesmo tempo , se torturava  a dor era tudo o que ela tinha , pois tudo que ela tinha era ele , e já que só o que tinha deixou a dor , a unica coisa que poderia fazer para tê-lo era se machucar .
Lembrar doía , mas era só que restava para não perder tudo.
Ele se foi , mas deixou pedaços dentro dela , como cacos de vidro que não deixam as cicatrizes se fecharem.
 A noite chegava, o sol ia embora e ficava frio , ela nem se importava mais com isso , frio , fome , sono . Nada mais sentia . Levantava-se enxugava as lágrimas , saia de seu esconderijo e ia enfrentar os olhares e as perguntas das pessoas , tudo segurando o choro.
 Segurava , até chegar em casa entrar no chuveiro e então soltava tudo , o choro que misturava com a água que caia , aproveitava pra chorar alto , já que com o barulho do chuveiro ninguém ouvia.
Experimentou vários choros diferentes neste periodo , chorou quietinha , chorou escandalosamente , chorou em meio a risos e também em meio a lágrimas quase secas.

 E eu assistia de camarote , pessoas que cresceram comigo amigos se tornando pessoas ridículas , fúteis , sem valores. Via as meninas que cresceram comigo todas juntas , comendo viva umas as outras com o veneno chamado falsidade.
 Ninguém falava comigo direito naquele lugar , eu não correspondia as expectativas , aos padrões de comportamento e beleza. Eu nunca me achei bonita , baixa , perto das outras garotas , não tenho o cabelo liso e nem os olhos claros , muito menos um corpo escultural ,usava óculos . Sou pequenininha , sempre fui.
 Não ligava pra minha aparência , não sabia me maquiar , nem passar chapinha ou escovar o cabelo, não sabia pintar as unhas e colocava a primeira roupa que via no guarda- roupas . Ouvia um bom rock . Enquanto elas demoravam horas pensando em que roupa vestir que valorizava mais os seios ou o quadril , ou penteando o cabelo ao som de Britney Spears . Ir para o colégio era uma tortura , antes de sair de casa sempre chorava um pouco escondida  ,e ia quieta dentro do transporte sem falar com ninguém , calada no meu mundo.
 Quando mudei de colégio tudo parecia ter mudado , as pessoas se pareciam um pouco mais comigo e me receberam muito bem ,mas eu sempre digo que as pessoas nunca se mostram de cara . Foi só uma recepção boa , logo tudo voltou a mesma coisa , não como no antigo colégio , mas  o sentimento de "peixe fora d'água" continuava igual.



O problema de errar e ser perdoado , é que você viverá sempre com a cobrança de não mais falhar .
E nessa tentativa de se tornar perfeito , falha , erra  e põe tudo a perder de novo.
Eu não suportaria perder tudo isso de novo .
Quer me matar devagar , me ferindo aos pouquinhos ?
Ou que eu fique louca antes que isso aconteça 
Incerteza .
É a palavra , nunca sei o que esperar , e sei que devo esperar tudo , mas mesmo esperando tudo faz algo que eu não esperava.

Diz palavras doces, e no dia seguinte as destorce 
Trata com delicadeza , e depois trata como se não fizesse diferença
É confuso , mas eu decidi estar nesta confusão
As vezes o cansaço dessa montanha russa faz querer desistir
Mas me lembro do que me faz ficar  e então fico .