sábado, 18 de agosto de 2012

Solidão

A vontade de chorar era constante , e quase incontrolável.
Depois de um tempo se tornou normal , fazia parte da rotina chorar .
Ela sentia culpa ...Era culpada , ela sua  boca grande .
A tristeza já se tornara sua companhia , sua melhor amiga. Estava sempre presente.
Acostumou-se a estar triste a sentir-se só.
Não tinha vontade própria de nada , só desejava dormir, e acordar e ver que tudo não passou de um pesadelo.
Mas nem isso ela conseguia , sono picado, se remexia na cama de um lado para o outro ,
As lembranças, eram muitas que se misturavam com lembranças de sonhos como se tivessem acontecido de verdade.
 Deitava para dormir , sonhava , sonhava com ele e o sonho a fazia lembrar de tudo , acordava, chorava , remoía tudo . E quando acalmava o choro e o cansaço vinha , fechava os olhos e começava tudo de novo .
Era assim todas as noites.
Acordava cedo , mas ficava na cama até tarde, não tinha motivos para sair dela. Quando muito levantava-se e sentava no sofá.
Ligava  o computador , fuçava tudo atrás de um vestígio, uma esperança de existir uma mensagem, um recado de "Vem me ver" .Porém não havia NADA .
Pensava em momentos bons então , no entanto um pensamento puxava o outro e em segundos já estava triste e chorosa novamente , largada de pijamas no sofá ou na cama .
 Segurava o choro ao passar pela mãe , saia de casa e ia rodar o mundo , o mundo que não passava dos muros do condomínio. Saia andava com os fones de ouvido e a música alta .
 Ela fez uma pasta só com as músicas que lembrava dele , colocava sentava em um banco onde podia ver a avenida e o pôr do sol ao mesmo tempo , se torturava  a dor era tudo o que ela tinha , pois tudo que ela tinha era ele , e já que só o que tinha deixou a dor , a unica coisa que poderia fazer para tê-lo era se machucar .
Lembrar doía , mas era só que restava para não perder tudo.
Ele se foi , mas deixou pedaços dentro dela , como cacos de vidro que não deixam as cicatrizes se fecharem.
 A noite chegava, o sol ia embora e ficava frio , ela nem se importava mais com isso , frio , fome , sono . Nada mais sentia . Levantava-se enxugava as lágrimas , saia de seu esconderijo e ia enfrentar os olhares e as perguntas das pessoas , tudo segurando o choro.
 Segurava , até chegar em casa entrar no chuveiro e então soltava tudo , o choro que misturava com a água que caia , aproveitava pra chorar alto , já que com o barulho do chuveiro ninguém ouvia.
Experimentou vários choros diferentes neste periodo , chorou quietinha , chorou escandalosamente , chorou em meio a risos e também em meio a lágrimas quase secas.

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